As causa
A obesidade começa, com frequência, na infância. Se o problema é deteta-lo e tratado nessa fase da vida, a criança não será um adulto obeso. O problema é que os bebés gordinhos são considerados um modelo de saúde. Uma ideia errada porque, tal como os adultos, têm uma reserva de gordura excessiva. Vejamos porquê.
Um recém-nascido possui meio quilo de gordura. Durante o primeiro ano, esse valor aumenta quatro vezes, atingindo os 2 quilos. Nas duas décadas seguintes, a massa de gordura cresce para cerca de 10 quilos. Portanto, até aos 20 anos, o corpo humano armazena 12 quilos de gordura, a uma média de 13 calorias por dia. Depois, estabiliza. Ao longo desse tempo, o armazenamento de lípidos não é regular. Varia em função da idade, de certos períodos críticos (como a puberdade) e do sexo do indivíduo, podendo surgir inúmeras disfunções.
Um bebé pode nascer com uma massa adiposa duas vezes superior à média, ou seja, um quilo. Se, durante os meses e anos posteriores, armazenar gordura normalmente, esse peso a mais não terá consequências na idade adulta. Em contrapartida, se nascer com o peso normal e acumular o dobro de gordura durante o primeiro ano, terá um excesso de 1,5 quilos, o que não afetará demasiado o seu aspeto quando adulto. Contudo, se continuar a adquirir o dobro da adiposidade durante vários anos, aos 11 terá já tanta como um adulto de compleição média. Logo, para ter um peso normal, não deverá acumular mais gordura até aos 21 anos. Se continuar a constituir reservas, mesmo em quantidade reduzida, então tornar-se-á um adulto obeso.
Os vários exemplos mostram que um bebé gordo não tem de se tornar num adulto obeso. No entanto, se um bebé com peso normal for alimentado em excesso durante a infância, terá grandes hipóteses de o ser veja na tendência e também os períodos críticos.
Muitos investigadores relativizam a influência da hereditariedade na obesidade. É evidente que uma mãe robusta tende a dar à luz um bebé roliço. Pelo contrário, uma progenitora magra terá, provavelmente, um bebé de aspeto mais frágil. Porém, essas diferenças podem desvanecer-se logo nos primeiros meses de vida, de acordo com a alimentação da criança.
Mais de 90 por cento dos casos de obesidade infantil derivam de uma sobrecarga nutritiva. Seja porque a criança come demais ou porque não despende a energia em quantidade suficiente. A obesidade de origem endócrina (problemas glandulares) e neurológica (disfunções do sistema nervoso central) é excecional, tal como a que é causada por malformações.
Há circunstâncias que agravam ou desencadeiam a obesidade. É o caso das hospitalizações, das imobilizações prolongadas, de alguns medicamentos, como os corticoides, ou de problemas familiares (divórcio dos pais, morte, conflitos psicológicos, entre outros). Alguns estudos demonstram que ser filho único ou viver numa família monoparental constitui também um fator de risco.
O Sistema Europeu de Vigilância Nutricional Infantil revelou, em 2008, que a prevalência de pré-obesidade nas crianças portuguesas é de 18,1 por cento, enquanto 13,9 por cento sofrem de obesidade.
CONTROLE O PESO DO SEU FILHO
Um adulto obeso pode sentir-se bem na sua pele. mas o mesmo não acontece com as crianças muito gordas. São sensíveis ao seu peso e. mais ainda, ao seu aspeto. Frequentemente, sentem-se rejeitadas pelos companheiros de escola ou de brincadeiras. Além disso, a sua saúde pode ficar comprometida: estão mais sujeitas às constipações e à asma. À medida que crescem, correm também maior risco de sofrer deformações nas articulações dos membros inferiores.